Até adversários do PT reconhecem a inocência de Lula e cobram julgamento de suspeição de Moro no STF
Parlamentares do PT na Câmara afirmaram nesta terça-feira (2) que declarações recentes de notórios antipetistas, que reconhecem a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçam a necessidade do Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o Habeas Corpus que pede a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, que condenou Lula. Os deputados fazem referência a declarações do ministro do STF, Gilmar Mendes, e do líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), todas favoráveis ao ex-presidente.
Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Band, Gilmar Mendes disse que “Lula é digno de um julgamento justo”. A opinião foi dada após o ministro analisar as novas conversas reveladas entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato, nesta segunda-feira (1º). Durante a entrevista, Mendes disse ainda que o tom das conversas causa preocupação porque sugerem que Moro agia como se “fosse chefe do grupo de procuradores”.
“Moro assume posição de chefe do grupo da força-tarefa, Dallagnol faz consultas sobre como deveria proceder, manda informações e eles combinam ações”, continuou Gilmar. “A não ser – e vamos dar o benefício da dúvida – que o que está escrito seja uma peça ficcional”, ironizou. “Se os diálogos forem angelicais, não haverá problema. Infelizmente, os diálogos não são de anjos”, conclui o ministro.
Na avaliação do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a declaração de Gilmar Mendes demonstra que existe uma certeza generalizada de que houve ilegalidade no processo que culminou na condenação de Lula. “Há um sentimento crescente na sociedade de que Lula não teve um julgamento justo, e mesmo entre aqueles que não tem certeza da inocência dele, como nós temos e defendemos, existe a certeza de que Moro agiu de forma ilegal atuando como aliado da acusação”, diz o petista.
O deputado também ressaltou que espera que o STF acolha o Habeas Corpus da defesa do Lula, reconhecendo a suspeição do ex-juiz Moro, e que Lula possa ter o direito a um julgamento justo. “Não tenho dúvida de que em um novo julgamento onde apenas provas forem analisadas, Lula será inocentado e terá seus direitos políticos restaurados”, afirmou Paulo Pimenta.
Ricardo Barros reconhece inocência de Lula
Deputados do PT também comentaram pelo Twitter a declaração dada nesta terça-feira (2) pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que afirmou em entrevista ao portal UOL que os métodos da Lava Jato não respeitaram as leis. Ele chegou a citar que os processos contra o ex-presidente Lula são um exemplo de parcialidade da operação.
Na entrevista, Barros disse que “ativismo político do Judiciário” sempre existiu, mas ficou mais evidente após a operação Lava Jato. “É claro que há uma parcialidade na posição da Lava Jato, todos sabem disso. É evidente, é visível”, disse Ricardo Barros. “Tirou o Lula da eleição, produziu uma situação nova para o País, a interpretação da lei mudou… Era uma, mudou para prender o Lula, passou a eleição, mudou para soltar o Lula. Não precisamos fazer muito esforço para perceber ativismo político”, revelou.
O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), escreveu que “até os aliados de Bolsonaro sabem” da inocência de Lula. E o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) disse que “essa frase emblemática do líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, desmonta mais uma das farsas da direita contra Lula e o PT”. “Como disse a presidenta Dilma, não vai ficar pedra sobre pedra”, completou.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) enfatizou que “até bolsonaristas reconhecem que a Lava Jato só queria prender Lula”. “Corromperam a pauta de combate à corrupção, inventando casuisticamente prisão na segunda instância só para prender Lula e eleger Bolsonaro”, explicou.
Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), “quando até um aliado de Bolsonaro reconhece isso é porque ficou muito evidente o consórcio criminoso da Operação Lava Jato contra Lula”. “O que mais tem é oportunista, que ajudou a criminalizar Lula para tirá-lo da disputa em 2018 e que agora, sabendo que não houve crime para condená-lo, diz que ele é inocente, apenas para não ficar para a história como golpista. Mas a história é implacável – são golpistas!”, acusou
Na mesma linha, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) destacou que sempre acreditou que a verdade sobre a condenação do Lula iria aparecer, e criticou os que se beneficiaram com a injustiça praticado por Moro e a Lava Jato. “Eu sempre disse aqui: a verdade pode demorar, mas um dia aparece. Agora o líder do governo Bolsonaro confessa que a prisão de Lula foi apenas para tirá-lo da disputa. Canalhas!”, protestou.
Héber Carbalho